A nossa vida espiritual tem duas
dimensões. Primeiro, uma dimensão voltada para dentro de nós, a qual é chamada
de “vida interior”; outra, voltada para fora, que podemos chamar de apostolado
ou vida missionária. Ao falar dos dons e carismas, estamos falando da pessoa do
Espírito Santo e de Suas formas de agir, pois nenhuma pessoa se dá sem dar
aquilo que é. Portanto, os dons e carismas são expressões da Sua ação e missão
em nós e na Igreja: "Mas recebereis o poder do Espírito Santo que virá
sobre vós, para serdes minhas testemunhas em Jerusalém, por toda a Judeia e
Samaria, e até os confins da terra” (cf. At 1,8).
Dons de
Santificação
A primeira dimensão, voltada para
dentro, é a busca da nossa santificação, a busca do nosso retorno para Deus, é
a luta contra o pecado e contra tudo que esconde em nós a imagem e semelhança
de Deus. São eles: dom da fortaleza, da piedade, da sabedoria, do conhecimento,
do conselho, do entendimento e do temor de Deus.
Isso é uma tarefa que supera as forças
naturais, para a qual é preciso a força de Deus. Ele nos socorre com os
chamados dons infusos ou dons de santificação. Desde o batismo nós os
recebemos, e a Igreja os chama de sete dons.
Esses dons fazem crescer em nós a graça
do batismo que recebemos como semente para que, à medida que a criança vá
crescendo, também vá crescendo as coisas de Deus nela. São para isso os dons de
santificação: sabedoria para buscar o Senhor e ciência para mergulhar
profundamente nos Seus mistérios. Enfim, todos eles para levar a pessoa à santificação.
Assista também: "Fomos libertos
pelo Espirito Santo", com padre José Augusto
Dons
Carismáticos
Na segunda dimensão está a Igreja. É a
dimensão de comunidade, de caminhar com o povo de Deus. Ele os concede não para
nós, mas para os outros. Um exemplo é o dom da sabedoria, cujo objetivo não é
nos alimentar, mas sim alimentar os outros.
Os dons carismáticos nos são dados
apenas para nos orientar, como os dons da fé, da ciência, o dom de cura, de
milagres, os quais, como diz São Paulo, são para o bem da Igreja, para os
outros, para utilidade de todos.
São eles: dom da fé, dom de
interpretação, de profecia, dacura, de dom de línguas, dons de milagres, de
discernimento, de palavra de ciência e de palavra de sabedoria.
Quando nós exercemos os dons
carismáticos, não quer dizer que já somos santos, porque Deus pode usar quem
Ele quiser, da maneira que quiser. Mas é preciso dizer que quanto mais santa a
pessoa for, mais fácil é para Deus usar dela; por isso esses carismas não estão
separados dos dons de santificação. Eu até diria que existe uma grande
interface entre eles, pois quanto mais a pessoa vive os dons de santificação,
mais aptidão ela tem para viver os dons carismáticos.
Na dimensão interior, estão os dons de
santificação. Na dimensão exterior, estão os dons carismáticos. O dom de
fortaleza, também chamado “dom da coragem“, imprime em nossa alma um impulso
que nos permite suportar as maiores dificuldades e tribulações, e realizar, se
necessário, atos sobrenaturalmente heroicos.
Quando falarmos em virtudes heroicas,
não pensemos que só existe heroísmo quando enfrentamos grandes causas. Você faz
grandes heroísmos lá no interior da sua casa, no dia a dia de sua vida. Veja
bem que imenso ato heroico é o de uma mãe que suporta o vício do álcool do
marido ou do filho! Às vezes, por 10, 20, 40 anos ela enfrenta aquela dor,
aquele sofrimento, por amor a Deus, por doação e caridade. Essa mãe tem o dom
da fortaleza. Este não é só para os mártires, os grandes confessores da fé, mas
para cada um de nós. Hoje, vemos uma multidão caindo nas tentações. Pode estar
faltando o dom da fortaleza em muita gente. Saber não cair na tentação já é um
sinal da força desse carisma.
Santa Teresinha nos fala do “heroísmo do
pequeno”. A fidelidade às pequenas inspirações que Deus nos faz, todo dia e
toda hora, é fruto do dom da fortaleza. Nós deixamos passar ótimas
oportunidades quando pequenas cruzes, pequenos sofrimentos vão passando pela
nossa vida e nós não os aproveitamos para uma resposta fiel a Deus. Vem um
aborrecimento, uma pessoa nos causa feridas, porque falou qualquer coisa contra
nós.
O que fazemos? Há duas respostas:
revidamos com palavras amargas, com evidente menosprezo, com inimizades, etc.,
ou fazemos de conta que nem ficamos sabendo, não nos importamos com aquilo,
etc.
São poucas as pessoas que fazem por Deus
e pelo próximo aquilo que poderiam fazer mais, porque não têm coragem de se
empenhar em grandes obras. Imagine o bem que poderíamos fazer se ainda não
fôssemos tão comodistas! Paulo afirma: “Tudo posso naquele que me fortalece”
(cf. Fl 4,13). E nos diz mais: pode suportar as maiores dificuldades e
tribulações e praticar, se necessário, atos heroicos. “Não pelas suas
qualidades pessoais, mas pelo dom da fortaleza que Deus lhe concedeu”. Carta
aos Coríntios, descrevendo as tribulações pelas quais passou por amor ao Senhor
e à Igreja:
“Cinco vezes recebi dos judeus os
quarenta açoites menos um. Três vezes fui flagelado com varas. Uma vez
apedrejado. Três vezes naufraguei, uma noite e um dia passei no abismo. Viagens
sem conta, exposto a perigos nos rios, perigos de salteadores, perigos da parte
de meus concidadãos, perigos da parte dos pagãos, perigos na cidade, perigo no
deserto, perigos no mar, perigos entre falsos irmãos! Trabalhos e fadigas,
repetidas vigílias com fome e sede, frequentes jejuns, frio e nudez! Além de
outras coisas, a minha preocupação quotidiana, a solicitude por todas as
Igrejas!” (II Cor 11,24-28).
O dom da fortaleza se opõe à timidez,
que é o temor desordenado e também aquele comodismo que impede de caminhar, de
querer dar grandes passos. Estacionamos numa espiritualidade medíocre, temos
medo de tudo, de prejudicar a amizade, de descontentar alguém e vamos
comodamente parando no caminho da perfeição.
Padre Luizinho - Comunidade Canção Nova
http://blog.cancaonova.com/padreluizinho
07/07/2012 - 08h00
Depois
de uma leitura dessas, o que podemos dizer sobre a coragem e os dons?
Quando
estamos rezando pedindo ao Espirito Santo especialmente no domingo onde todos nós
estamos reunidos na sala 03, não tenha vergonha de quem esteja ao seu lado, evite
ficar pensando nos afazeres como o trabalho de "tal matéria" para amanhã ou o
que vou comer quando voltar para casa. Concentre-se e “abra seu coração” e peça com muita força
pelo dom da Fortaleza, precisamos tanto dela para várias situações em nossas vidas e
para sermos jovens missiónarios cheios do Espirito Santo corajosos lutanto para
que mais jovens conheçam o imenso amor de Deus.
Força
e Coragem Jovem!
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