terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

Algumas situações na nossa vida nos fazem repensar o que afinal de contas estamos fazendo aqui...
Consegui realizar uma vontade imensa do meu coração que antes nunca tive coragem, visitar um abrigo de crianças que por algum motivo não vivem com seus pais. O óbvio não demonstra nem um milésimo do aperto que está no meu coração. Paro pra pensar de que adianta ocuparmos todo nosso tempo tentando construir uma vida estável, nossa casa, nosso carro, um vestido novo, uma pizza com a galera.
Aquelas crianças não querem dinheiro, não querem roupas novas, não querem presente, elas querem a sua presença, um abraço apertado, um sorriso doce, uma brincadeira boba. Elas querem você, só você, mais nada.
De alguma forma o mundo vem nos transformando em corações tão duros, tão solitários que mesmo conhecendo a realidade a nossa volta fazemos de conta que isso nunca nos disse respeito, minhas dores são maiores, minhas decepções são melhores, eu sei o que é sofrer, o resto do mundo se vira bem sozinho.
Como é que faz quando você tem 4 anos de idade e ninguém pra chamar de mãe?.
Como é que faz pra sobreviver quando você sabe que todo mundo, hoje ou amanhã  vai embora, ninguém fica tempo suficiente pra ter a certeza que um dia vai voltar...
Ao mesmo tempo, é muito raro alguém que resolva te ver, e quando isso acontece não tem como desperdiçar, abraços, carinhos e todo amor do mundo, mesmo que dure apenas 10 min e depois se vá.
A sensação de ser a pessoas mais amada desse mundo.
A sensação de ser o pior ser humano dessa terra.
Quanto tempo perdi, quantos sorrisos, abraços meus não foram distribuídos, só porque eu nunca parei o suficiente a minha vida pra encontrar a vida dos outros. A chama de esperança que queimava lá, no fundo dos olhos daquele menino, pré-adolescente, com todas as dúvidas, incertezas e dificuldades que essa fase nos trás, além de tudo tendo que ser o dono do próprio destino, porque ele sabia do que o mundo era capaz, mesmo assim de alguma forma ele não deixou a chama se apagar. Deus na boca dele, me pareceu mais Deus que em qualquer canto do mundo.
Ana Claudia Longhini Gomes.


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